Festas de Vale da Pinta - 2013
Políticos, mas muito bem comportados.Pelo que me foi dado ver nestas noites da Festa de Vale da Pinta, os políticos do concelho não estão tão distantes assim. Se o facto a que vou aludir, me fosse relatado por uma pessoa que eu considerasse bastante credível, talvez eu acreditasse (passe o pleonasmo), mas, ao invés, se esse fulano da boa-nova, fosse um normal cidadão, não sei bem se eu daria crédito a tal informação. Todavia, tal como, ainda hoje ou amanhã, vou escrever e desenvolver num dos meus blogues, o ato foi por mim presenciado, ali ao vivo e a cores. Portanto, se contado ninguém acreditaria, já o ser visto é coisa indesmentível da qual ninguém ousa duvidar. Por tudo isto, com toda a sinceridade, digo que gostei de ver os políticos da terra a comungar do mesmo espaço gastronómico, sem sofismas, sem ganâncias, sem azedumes, sem querelas, pois ali, o que eles queriam mesmo era dar ao dente.
Poderão algumas pessoas, com mentes turbadas, eivadas de maus instintos, pensar que eu, cá no meu propósito, ao escrever este artigo, pretendo assumir o abominável papel de crítico mal-falante que, apenas, visa denegrir a imagem da classe política, mas tal não corresponde à verdade. Falando com toda a honestidade, posso assegurar-vos que, em ambiente de plena liberdade, desde que existe tal classe em Portugal, nunca antes tanto, com o porte da mesma, me congratulei.
De facto, em, pelo menos, duas noites consecutivas, numa ampla tenda improvisada pela Comissão de Festas da terra, que, durante aquelas festividades, servira de restaurante aos utentes, pude assistir, embora a uma conveniente distância, ao repasto, em simultâneo e em bloco, dos membros das três principais forças que, em 29 de setembro, irão medir forças pela elegibilidade nos órgãos concelhios do Cartaxo. Como é bom de ver, as três fações não comungavam da mesma mesa, mas quase. Cada comitiva ocupava uma comprida ala de, talvez, uns vinte metros de mesa, sendo que estas se encontravam paralelas entre si e apertadas de tal modo que, no espaço entre as costas de uns e dos outros, nada mais sobrava do que a barriga dos voluntários servidores a roçar nas espaldas daqueles comensais de ocasião.
Perante tal cenário, de uma coisa tenho a certeza: durante a comezaina nenhuma daquelas figuras representativas, quer dos dois partidos, PS (Pedro Ribeiro) e PSD (Vasco Cunha), como da candidatura independente, na figura de Paulo Varanda, se atreveu, em nenhum instante, a dizer mal ou contestar qualquer ação dos seus adversários políticos. E, ao dizer isto, não me refiro apenas ao delicado estado de alta concentração da espinhosa tarefa (muitos comeram bacalhau) de ter que manducar a bela posta, mas por obrigação, dentro das boas maneiras, ética e o decoro que, todos e cada um, têm que evidenciar, especialmente quando se sente o bafejar do adversário mesmo ali nas costas uns dos outros.
Eu, como atrás disse, sentado à distância de umas quatro mesas e, de igual modo, a manjar tal como os demais, não acompanhei em pormenor cada cena daquele raro evento, nem esse era o meu propósito, mas também não ouvi vozeirões, relatos relacionados com a análise, confronto e discussão aquando da apresentação da conta, ou das contas, melhor dizendo, já que ali era Vale da Pinta e não fazia qualquer sentido que as contas fossem feitas à "moda do Porto". Assim, sim: gostei do modo como as três comitivas se comportaram. É que, excetuando Vasco Cunha, no que concerne às andanças da Assembleia da República, todos são imberbes, por tal facto, não será de estranhar a lisura de processos e comportamentos que todos evidenciaram. E não foi para valedapintense ver... aquilo foi mesmo genuíno.
E, a terminar este afável artigo, não posso deixar de salientar a postura e o grau educacional de cada um dos candidatos à presidência da C.M. do Cartaxo: dois deles que, certamente, me conhecem através de foto ou de qualquer artigo que eu tenha postado no FB, fizeram questão de, embora à distância, me cumprimentar com uma vénia; o outro, que eu já antes conhecera, aquando do lançamento do meu livro no Salão Nobre da J.F. de Vale da Pinta (junho 2011), também me fez um cumprimento de ocasião.
Não obstante não ser pessoa de salamaleques ou afins, não deixo de registar o sentido cívico demonstrado pelas pessoas que me cumprimentaram; não porque eles estejam a contar com o meu voto, porque eles, decerto, saberão que eu não residindo no concelho do Cartaxo, não lhes poderia dar o meu voto, já que a minha secção de voto é em Matosinhos.
É verdade que não podem ganhar todos, mas, ao menos, um aceno de simpatia sempre ajuda, quanto mais não seja, moralmente falando. Que todos eles, à semelhança da postura evidenciada nestes simples eventos, tentem manter esse padrão no mandato que lhes vier a ser conferido, pese embora a dificuldade de tal feito.
Boa sorte.
a) José Caria Luís