quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

A LÍNGUA PORTUGUESA


Estranha Beleza da Língua Portuguesa

     Este texto será, porventura, um dos melhores registos de língua portuguesa sobre a nossa digníssima "língua de Camões", a tal que tem fama de ser pérfida, infiel ou traiçoeira.
Agora, que se avizinham as autárquicas de 2021, não podia deixar de apresentar a narrativa de umas eleições do passado e, em simultâneo, antever o que nos espera nas próximas.
    
     Um candidato à renovação do mandato para a presidência de uma conhecida Câmara Municipal, estava em plena campanha eleitoral, quando, do alto do palanque, começou o seu discurso. Assim:

     - Compatriotas, companheiros, amigos! Encontramo-nos aqui, convocados, juntos ou reunidos para debater, tratar ou discutir um tópico, tema ou assunto, o qual me parece transcendente, importante ou de vida ou morte. O motivo, proposição ou síntese que hoje nos convoca, reúne ou junta é a minha postulação, aspiração ou recandidatura a Presidente da Câmara deste Município.

     De repente, uma pessoa do público pergunta:

     - Ouça lá, porque é que o senhor utiliza sempre três palavras, para dizer a mesma coisa? - ao que o candidato respondeu:

     - Pois veja, meu caro munícipe: a primeira palavra é destinada a pessoas com elevado nível cultural, como intelectuais em geral; a segunda é para pessoas com um nível cultural mediano, como o senhor e a maioria dos que estão aqui; a terceira palavra é para pessoas que têm um nível cultural muito baixo, pelo chão, digamos, como aquele alcoólico, ébrio ou bebedolas ali deitado na calçada.

     De imediato, o alcoólico, ébrio ou bebedolas levanta-se, a cambalear, e "atira":

     - Senhor postulante, aspirante ou recandidato: (hic) o facto, circunstância ou razão pela qual me encontro num estado etílico, alcoolizado ou embriagado (hic), não implica, significa ou quer dizer que o meu nível (hic) cultural seja ínfimo, baixo ou mesmo rasca (hic). E com toda a reverência, estima ou respeito que o senhor me merece (hic) pode ir agrupando, reunindo ou juntando (hic) os seus haveres, pertences ou bagulhos (hic) e encaminhar-se, dirigir-se ou ir direitinho (hic) à leviana da sua progenitora, à mundana da sua mãe biológica ou à puta que o pariu!

     Escusado será dizer, que o postulante, aspirante ou recandidato, ao sentir-se afrontado, humilhado ou vexado, meteu o discurso no talego, sacola ou alforge e, em passo de corrida, desandou do tablado, palco ou palanque para não mais ser visto por aquela banda, sítio ou lugar.

Moral da estória:  - Os arrogantes são como os balões: basta uma picadela de sátira para dar cabo deles.


Nota: Texto recriado e ampliado por Zekarias44





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